domingo, 27 de maio de 2012

Aperte os cintos.


Eu sei trocar um pneu. Sei trocar uma lâmpada. Sei pendurar um quadro na parede. E eu sei (embora deteste) matar uma barata. Não gosto nem um pouco da idéia de que os homens de hoje em dia tenham “medo” de mulheres seguras de si.
Tenho inseguranças, claro, já que sou um ser humano cheio de defeitos. Mas do mesmo jeito que me sinto segura de mim mesma, adoraria saber que meu parceiro também é seguro de si. É bom demais saber que meu amor, embora possa viver sem mim, escolha viver comigo. E saber que ao invés de desejar morrer por amor, ou pela falta dele, eu decida viver dele.
             Segurança é independência na hora certa, e dependência requisitada. Quem gosta de gente dependente demais tem algum parafuso solto. Quem não gosta de saber que é o motivo de alguém sorrir ao acordar? Mas quem gosta de saber que a falta de um sorriso pode ser o fim do mundo de alguém? Tudo demais sobra, e tudo que sobra é resto. Não quero restos na minha vida, quem dirá no meu coração.
            Não sou sempre tão decidida, me acho até uma das pessoas mais indecisas que conheço. Mas é bom ter certezas nessa vida, e tenho certeza que me amo, como tenho certeza de poucas coisas nessa vida. Já me chamaram de narcisista, mas sempre sofro mais pela dor alheia do que pela minha. A minha dor sempre passa, mas cabeça do outro é mundo que ninguém enxerga.
            Amar é querer bem, mesmo que estar bem para o ser amado, seja longe de você. E se você se quiser por perto, os outros chegarão mais. Lei da vida: a gente atrai o que transmite.

sábado, 19 de maio de 2012

Menos uma manhã.


Fiz da sua camisa meu cobertor, meu roupão e minha toalha. Estar na sua casa me faz entrar em mundo tão seu que não arrisco te acordar para pedir uma toalha. Já é minha segunda pele. Com teu cheiro, então, pra quê melhor?
Abri os olhos, mas só por obrigação, porque a vontade era a de ficar ali o dia inteiro. Quando tentei me espreguiçar, ainda na mesma posição, por costume de dormir e acordar sozinha todo dia, percebi que você me fazia de ursinho de pelúcia, agarrado em mim e cheirando meus cabelos com aquela cara tão feliz que dava pena de se mexer.

- Acorda, amor, já são nove horas.
- Huummmmm...

E me puxou, só que dessa vez fiz do teu ombro meu travesseiro, tão macio e com aquele cheiro de roupa limpa. Beijo no pescoço para acordar, já que eu sabia melhor que ninguém, que aquilo te fazia arrepiar, e acordar de qualquer sonho maravilhoso que tivesse. Além do que, a realidade comigo é bem melhor do que um sonho aleatório seja-lá-com-quem.
No pulo que deu, até eu me assustei.

- Bom demais acordar arrepiado. Nem a Jolie no meu sonho consegue isso. Parabéns, amor.
- Essa Jolie aí não chega nem aos meus pés, que eu sei.
- Ainda bem que sabe.

Ao me levantar, fui surpreendida mais uma vez contigo me puxando pra trás, e fez o encaixe perfeito do meu tronco no teu peito, onde só restava a sua vez de me arrepiar com um beijo no pescoço.
Tuas pernas fizeram um nó, como se não quisesse deixar nem o ar fugir daquela cama. E quem disse que eu queria sair? Eram nove horas, mas e daí? Que se tornassem dez, onze, vinte e quatro. Melhor ainda, mais tempo contigo.

domingo, 13 de maio de 2012

Wish List

Eu te desejo força, para viver todo dia como se ainda tivesse 20 anos de idade, antes de tudo isso entrar na sua vida.
Desejo coragem para tomar as decisões corretas, sem medo dos “e se” que te assombram todo dia.
Força de vontade para colocar em prática todos esses planos mirabolantes e maravilhosos que você fez mas acha que nunca vai poder colocar em prática.
Fé, para ter certeza que um dia isso tudo vai passar, a dor vai cessar e você vai se surpreender consigo mesma.
Desejo a você o dom da palavra para falar a ele tudo que o você já me disse, mas da maneira correta.
Desejo todo o amor do mundo para descontar tantos anos de solidão acompanhada com o som no volume máximo, abafando as frustrações.
E acima de tudo, não como um desejo para você, mas para mim, desejo te ter na minha vida para todo o sempre.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Despedida.


O som do despertador tomou conta do quarto inteiro como uma explosão em seus ouvidos. Acordou desnorteado e se percebeu esticado na cama, onde ela deveria estar. Passou a mão pelos lençóis como se fosse encontra-la pelas dobras do cobertor, mas só conseguiu encontrar o cordão da moça, o qual deveria ter deixado cair na noite passada.
            Levantou como se sentisse o peso de uma tonelada sob seu peito, esfregou os olhos tentando se acostumar como clarão das nove horas da manhã, colocou os óculos, e pisou no chão gelado. Olhou para um lado, o relógio apontada 9:00AM, olhou para o outro, a gaveta dela na cômoda dele estava aberta.
            Andou até o banheiro, estranhando a própria imagem no espelho. Lavou o rosto, imaginando onde ela deveria estar. Será que era aniversário de namoro e ela estava fazendo seu café da manhã? Mas ele não comprou presente algum para ela. Torceu com todas as suas forças para que não fosse o aniversário de namoro. Será que ela foi chamada com urgência no trabalho e teve que sair correndo? Mas hoje é domingo, impossível. Sabia que a sua profissão era quase escravidão, mas não podia chegar a tanto.
            A toalha dela ainda estava molhada, estendida na parede do banheiro, e sentiu ainda fresco o cheiro do seu hidratante cítrico e floral. Sorriu sem querer e teve a certeza de que em minutos, ia poder sentir esse cheiro na pele dela.
            Foi até a sala, ninguém lá. Só o Pug que estava dormindo no sofá, descansando como geralmente fazia ao voltar do passeio. Pelo visto ela acordou cedo, pois deu até a volta matinal com o cachorro.
            Seguiu o cheiro maravilhoso de um dos seus quitutes preferidos, que a mãe fazia para ele nos dias especiais, como aniversário ou o dia depois de ganhar a estrela na prova. E lá estava, a mesa posta, com pão de queijo quentinho, geléia de morango, suco de acerola e leite na leiteira.
            Sentiu-se como um rei, mas se sentou como um mendigo, estranhando tudo aquilo. Mas onde estaria sua rainha? Ao lado das torradas, um bilhete. “Uma surpresa”, pensou.
            Passou a visão, ainda um pouco embaçada, pelo papel, e viu a chamada “Meu amor” escrita. Não resistiu e teve que ler antes de aproveitar o próprio banquete.

            “Meu amor.
Fiz esse café da manhã como um pedido de desculpas. Amo você mais que tudo nessa vida, e talvez esse seja meu maior erro. A dependência está acabando com a gente. Já não me vejo longe de ti, e isso me assusta. Meu maior medo é adoecer e morrer em um fim-de-semana em que você tenha viajado a trabalho. Não quero morrer de amor, mas sim viver dele. Quero um tempo para me conhecer, me re-conhecer sem você. Saboreie os pães de queijo com a idéia de que amanhã voltarei para fazer mais, do jeito que você gosta. Me deixa aprender a viver contigo, mas me dê o direito de aprender a viver sem ti. Me amo demais para morrer por outro ser humano, e isso você sabe melhor do que ninguém. Preciso aprender com o meu erro, que é te deixar, e aproveitar meu acerto, que será voltar aos seus braços como da primeira vez. Me deixa pular nua nessa água gelada, e me espera com um cobertor quentinho e tua pele para me aquecer. Sei que para mim, os dias vão passar como um zilhão de anos, mas em um piscar de olhos seremos um só outra vez.
Me perdoa, me odeia, me deixa, mas me leva contigo.

Só não esquece que de todas as maneiras que a vida nos guia, a melhor delas é o presente.

Amor teu."